A Matemática e o Letramento
Categoria: Alfabetização, Atividades, Matemática, Sala de Aula
Quando falamos do assunto Alfabetização e Letramento logo vem à nossa mente leitura e escrita, mas é importante lembrar que o letramento associado à alfabetização tem um significado muito mais amplo que apenas ter alunos que sabem ler e escrever. Quero falar aqui do ensino da Matemática como um processo de letramento.
O letramento “é pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, bem como o resultado da ação de usar essas habilidades em práticas sociais, é o resultado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da língua escrita e de ter-se inserido num mundo organizado diferentemente: a cultura escrita.” (Pró-letramento – Alfabetização e Linguagem).
O letramento então diz respeito às práticas e habilidade que o indivíduo adquire a partir do momento em que ele tem contato com a cultura escrita. Portanto, se a criança já iniciou seu contato com a cultura escrita ela já tem subsídio para aprender os princípios da matemática.
A matemática tem um valor fundamental na escola que apenas o aprender a fazer continhas de mais, de menos, de divisão e de subtração. É preciso ensinar os alunos desde as séries iniciais a verem sentido na aprendizagem matemática, levando-as a compreender que ao aprender as primeiras operações elas já podem ajudar os pais nas compras de supermercado, ou ainda, podem aprender a utilizar de forma consciente o dinheiro que levaram para comprar uma bala ou a merenda da escola.
Mesmo em escolas de periferia onde nem todos os pais tem recursos financeiros para levarem à escola, observei alunos, com moedas de R$0,10 e de R$ 0,50, por exemplo, na cantina desejando comprar bala, chicletes, doces mas não conseguem saber se o dinheiro que têm em mãos é suficiente para comprar aquilo que desejam. O que eles fazem é confiar na “moça da cantina” que diz o preço e diz também se dá ou não para comprar. Está na hora de atentarmos para as coisas simples e ensinarmos nossos alunos a utilizarem o raciocínio matemático de forma prática e significativa,não é mesmo?!
Um bom exemplo de atividades práticas no uso da matemática é o cálculo mental. Esse tipo de atividade é sugerido quando os alunos já conseguem fazer de memória alguns resultados de contas simples como dobro, triplo, metade. Em sala de aula, o professor deve mostrar aos alunos que aquele raciocínio que parece desorganizado, na verdade, está apoiado nas propriedades das operações do sistema de numeração.
Exemplos:
Para resolver 99 + 26, é possível pensar da seguinte maneira: 100 + 26 = 126 – 1 = 125 (propriedade associativa da adição);
Para calcular 9 x 4, um caminho é partir de 9 x 2 x 2 = 18 x 2 = 36 ou de 4 x 10 = 40 – 4 = 36 (propriedade associativa e distributiva da adição e da subtração em relação à multiplicação).
Entender que 342 é formado por 300 + 40 + 2, que 300 = 100 + 100 + 100, e assim por diante, ajuda a raciocinar matematicamente e a entender o sentido da conta armada.
Uma maneira de introduzir esse tipo de raciocínio é utilizar a escrita como forma de registro daquilo que foi pensado pelo aluno. O professor pode construir esta escrita tanto de forma coletiva, registrando no quadro cada situação pensada pelos alunos e em seguida discutir com a turma se os caminhos pensados por cada aluno chegam ao mesmo resultado; como pode também pedir que os alunos façam seu registro individualmente. Utilize, no entanto, a escrita neste momento apenas como forma de registro, pois o foco neste tipo de atividade é o uso da memória.
Concluindo, a idéia de introduzir o cálculo mental não é substituir os algoritmos que já são introduzidos nas séries iniciais, mas sim dar aos alunos cada vez mais recursos para chegarem ao resultado das operações com segurança e, acima de tudo, compreendendo a resolução.
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